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  • Câmara homenageia mulheres que defenderam a redemocratização do país durante a ditadura

    NOTÍCIAS DA CÂMARA  -  21/03/2023 - 19:59:56 - Assessoria de Imprensa

    Concessão de medalhas foi proposta pelo vereador Josa Queiroz como celebração pelo Dia Internacional da Mulher

     

    A Câmara de Diadema concedeu a medalha legislativa “Mulheres pela Democracia” a dez mulheres – duas delas em caráter póstumo – que atuaram, durante a ditadura militar (1964-1985), na defesa da redemocratização do país. A homenagem, proposta pelo vereador Josa Queiroz como celebração pelo Dia Internacional da Mulher, lotou o plenário do Legislativo na noite desta segunda-feira, 20 de março.

    Participaram do evento a prefeita em exercício de Diadema, Patty Ferreira; a secretária municipal de Planejamento, Fatinha Queiroz, e a vereadora Lilian Cabrera, entre outras autoridades.

    Foram “femenageadas” Rosalina Santa Cruz; Clarice Herzog, representada no evento por Ana Rosa Abreu; Pedrina José de Carvalho; Kenarik Boujikian; Cida Costa; Eleonora Menicucci; Ana Cesar Corbisier e Wilma Ary. In memoriam, também foram homenageadas Heleny Guariba, representada por sua neta, Cândida Guariba; e Iara Iavelberg, representada por seu irmão, Samuel Iavelberg.

    “Infelizmente, a gente tem acompanhado nos últimos anos a romantização daquele que foi o período mais crítico de nossa história, que foi o regime militar. Pessoas foram torturadas e mortas, pessoas perderam o direito de se expressar. Mulheres, principalmente, sofreram muito nas mãos dos militares e desse regime que não podemos permitir que volte”, comentou Josa Queiroz. “A concessão da medalha tem esse objetivo: fazer o resgate histórico e alertar para os riscos de flertar novamente com o militarismo.”

    É o segundo ano em que a Câmara de Diadema concede a medalha “Mulheres pela Democracia”. A sessão solene, marcada por depoimentos emocionados e pelo resgate histórico da perseguição política ocorrida durante a ditadura militar, foi antecedida por pocket show das cantoras Defon e Gabi D’Oyá, ambas de Diadema.

    ‘FEMENAGENS’

    Pedrina, moradora de Diadema, foi presa pela repressão em 1971. Seu marido, Devanir de Carvalho, foi morto no Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), centro de tortura do regime militar. Outros familiares do casal também foram perseguidos. “É um evento muito importante, principalmente no atual momento. Ao mesmo tempo, a gente se emociona ao lembrar de tudo que passou, ao ouvir os depoimentos das companheiras. É muito difícil.”

    Rosalina morava no Rio de Janeiro quando foi presa em 1971 devido a sua participação na Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), organização de extrema esquerda que participou da luta armada durante a ditadura. Libertada em 1973, mudou-se para São Paulo e foi presa novamente no ano seguinte, por buscar informações sobre o paradeiro de seu irmão, desaparecido. Fez um dos discursos mais emocionantes da noite.

    “Éramos torturadas, nuas, com choques elétricos. Pedi a um torturador que me matasse. Ele respondeu: ‘Eu te mato se eu quiser’. Felizmente, o torturador não me matou, o que não aconteceu com meu irmão (Fernando), que desapareceu. Ele foi para a Casa da Morte, em Petrópolis (RJ), alugada pelo DOI-Codi (órgão de repressão subordinado ao Exército)”, recordou Rosalina. “Por isso, é preciso que essa história seja contada por nós, não por eles.”

    Cida Costa integrava a Ação Libertadora Nacional (ALN), outra organização de luta armada de esquerda, quando foi presa no Rio, em 1969. Transferida para São Paulo, só foi libertada em 1974. “Fomos perseguidas e torturadas, mas nosso desejo de fraternidade não morreu. Essa homenagem não é para mim, nem para nenhuma de nós individualmente. É para uma geração de mulheres que não permitiu que seus corações fosse destruídos”, disse.

    Heleny Guariba foi professora de teatro, dramaturga e guerrilheira. Militou na Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Foi contratada pela Prefeitura de Santo André, onde se tornou diretora do grupo de teatro da cidade. Porém, com o Ato Institucional 5 (AI-5), seu trabalho na área cultural foi interrompido. Foi presa em 1970 e libertada no ano seguinte. Também em 1971, foi presa novamente e levada à Casa da Morte, onde foi executada.

    Atualmente, Heleny batiza um Centro Cultural em Diadema e um teatro no Centro de Santo André. Sua neta, Cândida, nunca a conheceu, mas sabe sua história de cor e salteado. “Encontros como esse são muito importantes, porque permitem levar adiante essas histórias. A luta de minha avó continua, porque segue viva nessas memórias.”

    Mais informações podem ser obtidas no site www.cmdiadema.sp.gov.br. Acompanhe ainda nossas redes sociais: Facebook (/camaradediadema) e YouTube (TV CMDIADEMA).

     

    Fotos: Giovane Nicomedio/CMD

     

    21/3/2023

    Câmara de Diadema

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